A situação dos mineiros presos a centenas de metros abaixo da terra no Chile nos remeteu a um triste paralelo que ocorre no Brasil.
Antes que você, caro leitor, estranhe minha observação, deixe-me colocá-lo a par dos fatos.A empresa mineradora de cobre para quem os mineiros trabalham alegou que não tem como continuar pagando o salário dos 33 homens enquanto estiverem presos, obrigando as familias que dependem desse ganha pão a viverem de doações de ONGs.
É isso mesmo, leitor.A bilionária empresa mineradora alega que não tem como pagar o salário de 33 mineradores que estão soterrados e que lá permanecerão por , pelo menos, 3 meses e isso é visto com a maior naturalidade pelos chilenos, a ponto de se mobilizarem dando donativos, ao invés disso gerar um clamor público pedindo maior responsabilidade por parte da mineradora.
Não é preciso ser muito perspicaz para percebermos o absurdo da situação e o óbvio paralelo a que ele nos remete: a degradante situação dos bóias-fria que por décadas (ou séculos) formou a base produtiva da monocultura açucareira e cuja situação pouco mudou com o pró-alcool e com a destacada posição que nosso etanol ganhou no mercado mundial na última década.
Assim como os mineiros soterrados no Chile, nossos bóias frias pouco diferem deles na forma como são (mal) tratados e (des)valorizados.
Curiosamente, tanto no mercado de cobre como no mercado do etanol. os compradores desses produtos estão se lixando para as condições sociais impostas aos trabalhadores dos quais dependem e não fazem a mínima questão de que haja qualquer indicador social que diferencie o cobre, ou o etanol, desta ou daquela empresa que seja mais sócio-responsável.
Enquanto os compradores da cadeia produtiva não se sensibilizarem e criarem demandas sociais aos produtores, a exemplo do que começa a ocorrer com as fazendas de gado que desmatam reservas florestais, tudo permanecerá como dantes na terra de abrantes.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
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