segunda-feira, 27 de junho de 2011

Homofobia, assertividade e poder: a novo ordem sócio-cultural?

A cena ocorre na sala de aula de uma universidade: minutos antes de iniciar-se uma prova, duas mulheres entre 25 e 30 anos de idade, que estavam sentadas próximas, trocam um caloroso e sincero beijo e desejam uma à outra boa sorte na prova.

Apesar do silencio tenso que pesou sobre os demais presentes na sala de aula e dos pensamentos de reprovação que possam ter havido, ninguém expressou-se e a prova ocorreu normalmente.
Esse é um exemplo de um dos mais intrigantes processos em andamento na sociedade brasileira: a aceitação da diversidade sexual. Tivesse ocorrido a meros 5 ou , quem sabe, 2 anos atrás, alunos teriam revoltado-se, considerariam aquele ato uma ofensa aos costumes, talvez o professor exigisse a saída de sala de aula e, quem sabe, o caso teria inclusive estampado as páginas de algum jornal oportunista.

Porém hoje, a homofobia tomou a faceta de crime e as relações homo afetivas passaram a ser aceitas, como em outros tempos aceitou-se o fato da terra ser redonda e o homem ser descendente dos macacos. A atitude dos homossexuais possui algumas características aguerridas características dos grupos em busca de reconhecimento e fortalecimento social. Traduzindo-se: buscam um reconhecimento social e, porque não, um, projeto de poder.

A eleição de um político, ex-BBB, e sua convincente e articulada performance política até o momento denotam que ele provavelmente terá algumas reeleições pela frente, por mostrar-se um caso bem sucedido de representação de um grupo social.

Alguns fatores aceleram e contribuem para o processo de rejeição da homofobia: os interesses econômicos envolvidos, a vasta contribuição das novelas que perceberam no filão homossexual uma garantia de geração de índices de IBOPE e não fazem-se de rogadas em explorar o tema em troca de pontos a mais de audiência, as questões legais relativas ao direito de herança e reconhecimento de relação estável para fins de plano de saúde e seguro de vida e, por fim, o fato dos adolesceres terem percebido na opção pela homossexualidade , um ato de protesto frente à geração de seus pais.
Afinal, poucas opções de protesto haviam sobrado, álcool e drogas são apenas continuidades de outras gerações, a tecnologia não é um ato de protesto, mas sim uma inserção ferramental; sobrou a relação homo afetiva como forma de gerar a oportunidade de chocar e transgredir, desejos inerentes aos adolescentes em fase de afirmação pessoal.

Como interesses econômicos, cabe citar a próspera “ indústria rosa”, como é conhecida a brutal receita gerada pelo público homossexual. Como exemplo típico temos o pico de faturamento observado na rede hoteleira de São Paulo por conta da Parada Gay, onde hotéis registra 100 % de ocupação, numa incontestável demonstração da rentabilidade que esse evento traz para a cidade.
Como a história ensina-nos, quando dinheiro e interesses convergem, a roda gira com mais velocidade. É o que observamos hoje nos governantes que estimulam a presença dos eventos destinados ao publico gay em suas cidades. De olho nas urnas, é claro.

Forças conservadoras continuarão a manifestar sua reprovação à crescente presença da homossexualidade na sociedade brasileira e os heterossexuais serão obrigados a conviver com a diferença, pois o que pode parecer ao observador desatento uma mera questão de mudança de costume tem por trás uma poderosa conotação econômica–financeira subjacente à ela.

Trata-se de uma questão de constituição de poder e autoridade dos diferentes sobre o status quo, expressa em votos nas eleições, processos judiciais contra homofobia e, least but not last, dinheiro, muito dinheiro, na forma de consumo dos mais diversos bens e serviços, como exemplificado pela rede hoteleira paulista e pelos índices de audiência globais, ops, das telenovelas.

Forma-se assim um poderoso ciclo de poder que se auto alimenta e que dificilmente será quebrado pelo que se tem observado até o momento. Está aí um belo caso de estudo social a ser aprofundado. Quem se habilita?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estamos diante do anarquismo cibernético?

Estamos diante do anarquismo cibernético?

A recente notícia da prisão na Espanha de 3 hackers responsáveis pelo ataque ao banco de dados do Playstation da Sony, o qual deixou site 30 dias fora do ar, trouxe à tona maiores detalhes sobre a Anonymous, organização de hackers que atacam empresas e instituições públicas.

Desde o bem sucedido ataque ao site da Playstation, quando foram furtados dados de milhares, ou melhor, centenas de milhares, ou mesmo,quem sabe, milhões de usuários , investigações vinham sendo feitas para localizar os responsáveis.

Não é uma tarefa simples. Esses hackers realizam seus ataques através de computadores “zumbis’,ou seja, computadores de terceiros que são infectados e passam a operar à distância, controlados pelos hackers.

Segundo a polícia espanhola, esses hackers montaram uma estrutura capaz de parar completamente um país, atacando suas estruturas administrativas. A guerra cibernética é, com certeza, a mais perigosa e letal de todas, por possuir um baixo custo e ser capaz de atingir sistemas operacionais de atividades altamente estratégicas, tais como:energia, telecomunicações, centrais de processamento de dados de governos, etc.

A Anonymous aparentemente tem como ideologia o lema “Hay poder,soy contra”. Ela é particularmente ameaçadora por seu perfil anarquista e por não possuir uma organização central, o que dificulta seu extermínio ou anulação. Logo após anúncio da prisão dos 3 integrantes, a entidade enviou comunicado informando que “não se decapita uma serpente sem cabeça”.

Ou seja, a Anonymous não depende de uma ou duas pessoas, sendo constituída por silenciosos e ameaçadores integrantes ao redor do mundo. Um dos temores dos setores de segurança é que esses hackers passem a agir como mercenários, utilizando-se de seu poder destrutivo a quem melhor lhes pague.

A ameaça dos ataques cibernéticos é a maior ameaça à segurança mundial. O poder da Anonymous é muitas vezes mais letal que o da Al Qaeda. Portanto se, em algum momento, a Anonymous e a Al Qaeda unirem-se, aí sim estaremos diante de uma ameaça em escala mundial nunca antes vista na história mundial.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O vácuo de poder de Dilma e o ressurgimento de Lula: o beijo da morte?

O ressurgimento de Lula no Planalto para tentar driblar a crise com o ministro Palocci trouxe um claro sinal ao meio político:Dilma abriu um vácuo de poder, rapidamente ocupado pelo ex-presidente.

Há uma regra na Física que diz que onde há vácuo, o ar imediatamente tenta entrar para ocupá-lo. Esse fenômeno ocorre na ciência do poder também.Onde há vácuo de poder, virá alguém ocupar o espaço.

O problema é que Dilma deu um claro sinal de fraqueza para toda oposição, a qual ganhou coragem e encampou de forma agressiva as iniciativas para levar Palocci ao plenário para explicar sua milagrosa multiplicação de faturamento como consultor.

Aliás, o termo agressivo é um eufemismo para a troca de favores e concessões que a oposição está pedindo para evitar que Palocci tenha que prestar explicações.

Estamos no pior momento possível do governo Dilma: sua autoridade está sendo questionada, seus esforços de conciliação são feitos de forma indireta e tímida, seu posicionamento público é precário e sua inabilidade em lidar com a crise parece inquestionável.

Para piorar, há rumores de que sua saúde está longe do ideal e pode estar contribuindo para a dificuldade de lidar com o difícil momento.

Uma coisa é certa, o dano dessas 3 ultimas semanas deixará cicatrizes na relação institucional entre a Presidenta e os demais atores do cenário político brasileiro.

Se Lula tiver que intervir novamente a favor das causas do Governo, estará contribuindo inexorávelmente para o enfraquecimento moral de sua escolhida e sucessora.

Nuvens carregadas no horizonte...