sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O paradoxo árabe: o espetáculo do povo e o medo das consequências

O paradoxo árabe. Um dos aspectos mais interessantes do levante árabe que o mundo testemunha hoje é a situação paradoxal em que todos fomos colocados. De um lado, admiramo-nos pela beleza e dramaticidade da capacidade de mudança de regimes por meio da força popular. Quedas de Bastilhas, uma após a outra, demonstram que a lição dos franceses a séculos atrás permanece viva: o povo unido derruba tiranos e refaz a história.

Por outro lado, as possíveis consequências catastróficas para o equilíbrio político-econômico mundial colocam todos países em estado de alerta. O crescimento da influência iraniana na região, o risco de radicalização islâmica ao invés da democratização, as áreas estratégicas de produção petrolífera na região, o risco para Israel, a fuga em massa para a Europa, todos esses elementos adicionam dramaticidade ao espetáculo dos levantes populares a que o mundo assiste.

Com exceção dos tiranos e dos que se beneficiam de regimes opressores para se enriquecerem e se perpetuarem, o levante árabe é uma grata surpresa, ainda mais por ter sido alimentada pelos ventos da tecnologia a qual permitiu, ou, pelo menos, facilitou a mobilização em massa dos manifestantes.

Como toda crise, essa traz riscos e oportunidades e pode significar inclusive um renascimento da cultura árabe sufocada por décadas pelo jugo de ditadores e déspotas. Os ventos da liberdade sopram cada vez mais forte no Norte da África e novas lideranças surgirão ou retomarão posição de destaque, a exemplo da Irmandade Muçulmana.

Torcemos para que esses povos estejam reescrevendo uma bonita página da história da Humanidade.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Por que os motoristas de ônibus não param nos pontos no Rio de Janeiro?

Por que os ônibus cariocas não param nos pontos?

Por que diáriamente, em dezenas de locais diferentes no Rio de Janeiro, os motoristas de ônibus se recusam a pegar passageitos em pontos de ônibus e, simplesmente, ignoram-os?

Se você já teve oportunidade de andar de ônibus no Rio de Janeiro, já deve ter vivenciado essa experiência a qual é prática corrente e que, inclusive, abre uma brecha de oportunidade para motoristas de kombi e van.

Com certeza, essa prática não tem o apoio do "patrão", do empresário que corre o risco do negócio, paga salários e precisa maximizar receita a cada corrida de ônibus.

Essa prática, portanto, além de lesiva ao cidadão, é lesiva à empresa a qual, no final das contas, paga o salário do motorista.Então, por que ocorre?

Simples. Falta de ferramentas adequadas de gestão e follow up de desempenho. Um observador atento perceberá que a única forma de follow up feita por empresas de ônibus é ter um supervisor num ponto específico, onde, é claro, o motorista sempre pára para fiscalização.

Temos já algumas linhas com câmeras internas,mas que medirão apenas o comportamento dentro do ônibus. Essa ferramenta já criou impactos, pois o motorista se esforça em evitar que, por exemplo, entre-se pela porta de trás sem pagar.

O que falta então? Simples, se as empresas de ônibus adotarem a prática de clientes ocultos espalhados por diversos pontos da cidade poderão ter a exata dimensão do real comportamento de seus motoristas.

Se os motoristas conviverem com a eterna dúvida de terem num ponto de ônibus um possível cliente oculto, teremos uma mudança de comportamento fundamental e que se reverterá em significativos ganhos de receita.

É uma iniciativa barata e que trará resultados imediatos, desde que aplicada de forma consistente.