sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O paradoxo árabe: o espetáculo do povo e o medo das consequências

O paradoxo árabe. Um dos aspectos mais interessantes do levante árabe que o mundo testemunha hoje é a situação paradoxal em que todos fomos colocados. De um lado, admiramo-nos pela beleza e dramaticidade da capacidade de mudança de regimes por meio da força popular. Quedas de Bastilhas, uma após a outra, demonstram que a lição dos franceses a séculos atrás permanece viva: o povo unido derruba tiranos e refaz a história.

Por outro lado, as possíveis consequências catastróficas para o equilíbrio político-econômico mundial colocam todos países em estado de alerta. O crescimento da influência iraniana na região, o risco de radicalização islâmica ao invés da democratização, as áreas estratégicas de produção petrolífera na região, o risco para Israel, a fuga em massa para a Europa, todos esses elementos adicionam dramaticidade ao espetáculo dos levantes populares a que o mundo assiste.

Com exceção dos tiranos e dos que se beneficiam de regimes opressores para se enriquecerem e se perpetuarem, o levante árabe é uma grata surpresa, ainda mais por ter sido alimentada pelos ventos da tecnologia a qual permitiu, ou, pelo menos, facilitou a mobilização em massa dos manifestantes.

Como toda crise, essa traz riscos e oportunidades e pode significar inclusive um renascimento da cultura árabe sufocada por décadas pelo jugo de ditadores e déspotas. Os ventos da liberdade sopram cada vez mais forte no Norte da África e novas lideranças surgirão ou retomarão posição de destaque, a exemplo da Irmandade Muçulmana.

Torcemos para que esses povos estejam reescrevendo uma bonita página da história da Humanidade.

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