segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A executiva disse: " Adoro demitir"

Numa aula de Mestrado, a executiva de uma grande cadeia de lojas de departamento disse: “Eu adoro demitir’. Passado o susto inicial de todos na sala diante da surpreendente afirmativa e, confesso, um certo sentimento de indignação, passou a fazer sentido o que ela disse diante das experiências de consumo que vivenciei todas as vezes que fiz compras naquela rede.

A primeira idéia que veio à minha mente foi de que sua frase deve refletir uma filosofia maior das suas lideranças e que provavelmente não é um fato isolado, ou limitado à sua pessoa. Depois pensei, com certa dose de sarcasmo, que “o vento que sopra aqui, sopra lá”. Ou seja, é possível que alguém acima dela também goste de demitir e que um dia poderia chegar sua hora também.
Enfim, passei a compreender os rostos pesados e as feições pouco amigáveis que observo toda vez que faço compras nessa loja de departamentos. Aliás, essas minhas compras são pouco freqüentes em função das sucessivas más experiências que lá vivenciei e que fazem com que eu vá lá apenas como ultima opção.

Dizem que cada empresa tem uma frase que sintetiza sua cultura e seus valores. Sabe-se que muitos desses slogans são meros jogos de palavras, mas um depoimento tão sincero e real de uma executiva estratégica vale por mil slogans e expõe a verdadeira forma como um membro do topo da organização enxerga os funcionários.

Diz o ditado que um exemplo vale por mil palavras; nesse caso uma palavra valeu por mil gestos. Talvez, quem sabe, no momento que você lê essas linhas a autora da infeliz, mas sincera, frase tenha provado o sabor amargo de suas próprias convicções e gostos. Ou talvez esteja continuando sua saga de considerar a demissão algo prazeroso; desde que seja dos outros, é claro.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quer errar na gestão de equipes? Considere algo óbvio.

Quer errar feio na liderança de equipes e na capacitação de pessoas? Considere que algo é óbvio. Nenhum caminho para o erro é mais curto do que esse: supor que o que você considera como evidente, claro, óbvio e, portanto, aplicável e, pior de tudo, já em andamento, por ser óbvio.

Um dos valores agregados de capacitar executivos e profissionais de mercado é receber constante feedback do que acontece no mundo corporativo. Em especial, num curso de Liderança, a quantidade de pérolas que surgem é muito rica. Porém, após alguns anos nesse tipo de atividade, você percebe que surge um padrão de situações.

Uma das pérolas que sempre surge é a do gestor que se surpreende com fatos que, pensando ele que fossem obvias, não estão ocorrendo na equipe sob sua responsabilidade. Está aí uma das maiores armadilhas da gestão: o que você acredita que todos consideram óbvio na sua equipe.
Somente mediante claro posicionamento e estabelecimento como conhecimento aplicado e reforçado, algo pode ser considerado como óbvio, quando tratamos de comportamento humano.

Portanto, para que algo possa ser considerado como óbvio, é necessário que tenha havido anteriormente um processo de absorção e reforço desse conhecimento, para que um gestor possa cobrar e esperar que um conhecimento, ou procedimento, ou valor, seja dado como óbvio para os integrantes de sua equipe.

A dica é simples: liste tudo que você considera obvio dentro do conjunto de valores e procedimentos que fazem parte das atividades de sua equipe. Com essa lista nas mãos, verifique informalmente com seus funcionários se eles compartilham dessa "obviedade”. Em poucos minutos, você perceberá que há desvios entre sua percepção e a realidade.

Você terá em mãos um rico material para capacitar sua equipe e reforçar os procedimentos óbvios e, portanto essenciais, dentro de sua área de atividade. Agora, mão às obras e você perceberá o quanto essa iniciativa simples aperfeiçoará a gestão de sua equipe.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Homofobia, assertividade e poder: a novo ordem sócio-cultural?

A cena ocorre na sala de aula de uma universidade: minutos antes de iniciar-se uma prova, duas mulheres entre 25 e 30 anos de idade, que estavam sentadas próximas, trocam um caloroso e sincero beijo e desejam uma à outra boa sorte na prova.

Apesar do silencio tenso que pesou sobre os demais presentes na sala de aula e dos pensamentos de reprovação que possam ter havido, ninguém expressou-se e a prova ocorreu normalmente.
Esse é um exemplo de um dos mais intrigantes processos em andamento na sociedade brasileira: a aceitação da diversidade sexual. Tivesse ocorrido a meros 5 ou , quem sabe, 2 anos atrás, alunos teriam revoltado-se, considerariam aquele ato uma ofensa aos costumes, talvez o professor exigisse a saída de sala de aula e, quem sabe, o caso teria inclusive estampado as páginas de algum jornal oportunista.

Porém hoje, a homofobia tomou a faceta de crime e as relações homo afetivas passaram a ser aceitas, como em outros tempos aceitou-se o fato da terra ser redonda e o homem ser descendente dos macacos. A atitude dos homossexuais possui algumas características aguerridas características dos grupos em busca de reconhecimento e fortalecimento social. Traduzindo-se: buscam um reconhecimento social e, porque não, um, projeto de poder.

A eleição de um político, ex-BBB, e sua convincente e articulada performance política até o momento denotam que ele provavelmente terá algumas reeleições pela frente, por mostrar-se um caso bem sucedido de representação de um grupo social.

Alguns fatores aceleram e contribuem para o processo de rejeição da homofobia: os interesses econômicos envolvidos, a vasta contribuição das novelas que perceberam no filão homossexual uma garantia de geração de índices de IBOPE e não fazem-se de rogadas em explorar o tema em troca de pontos a mais de audiência, as questões legais relativas ao direito de herança e reconhecimento de relação estável para fins de plano de saúde e seguro de vida e, por fim, o fato dos adolesceres terem percebido na opção pela homossexualidade , um ato de protesto frente à geração de seus pais.
Afinal, poucas opções de protesto haviam sobrado, álcool e drogas são apenas continuidades de outras gerações, a tecnologia não é um ato de protesto, mas sim uma inserção ferramental; sobrou a relação homo afetiva como forma de gerar a oportunidade de chocar e transgredir, desejos inerentes aos adolescentes em fase de afirmação pessoal.

Como interesses econômicos, cabe citar a próspera “ indústria rosa”, como é conhecida a brutal receita gerada pelo público homossexual. Como exemplo típico temos o pico de faturamento observado na rede hoteleira de São Paulo por conta da Parada Gay, onde hotéis registra 100 % de ocupação, numa incontestável demonstração da rentabilidade que esse evento traz para a cidade.
Como a história ensina-nos, quando dinheiro e interesses convergem, a roda gira com mais velocidade. É o que observamos hoje nos governantes que estimulam a presença dos eventos destinados ao publico gay em suas cidades. De olho nas urnas, é claro.

Forças conservadoras continuarão a manifestar sua reprovação à crescente presença da homossexualidade na sociedade brasileira e os heterossexuais serão obrigados a conviver com a diferença, pois o que pode parecer ao observador desatento uma mera questão de mudança de costume tem por trás uma poderosa conotação econômica–financeira subjacente à ela.

Trata-se de uma questão de constituição de poder e autoridade dos diferentes sobre o status quo, expressa em votos nas eleições, processos judiciais contra homofobia e, least but not last, dinheiro, muito dinheiro, na forma de consumo dos mais diversos bens e serviços, como exemplificado pela rede hoteleira paulista e pelos índices de audiência globais, ops, das telenovelas.

Forma-se assim um poderoso ciclo de poder que se auto alimenta e que dificilmente será quebrado pelo que se tem observado até o momento. Está aí um belo caso de estudo social a ser aprofundado. Quem se habilita?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estamos diante do anarquismo cibernético?

Estamos diante do anarquismo cibernético?

A recente notícia da prisão na Espanha de 3 hackers responsáveis pelo ataque ao banco de dados do Playstation da Sony, o qual deixou site 30 dias fora do ar, trouxe à tona maiores detalhes sobre a Anonymous, organização de hackers que atacam empresas e instituições públicas.

Desde o bem sucedido ataque ao site da Playstation, quando foram furtados dados de milhares, ou melhor, centenas de milhares, ou mesmo,quem sabe, milhões de usuários , investigações vinham sendo feitas para localizar os responsáveis.

Não é uma tarefa simples. Esses hackers realizam seus ataques através de computadores “zumbis’,ou seja, computadores de terceiros que são infectados e passam a operar à distância, controlados pelos hackers.

Segundo a polícia espanhola, esses hackers montaram uma estrutura capaz de parar completamente um país, atacando suas estruturas administrativas. A guerra cibernética é, com certeza, a mais perigosa e letal de todas, por possuir um baixo custo e ser capaz de atingir sistemas operacionais de atividades altamente estratégicas, tais como:energia, telecomunicações, centrais de processamento de dados de governos, etc.

A Anonymous aparentemente tem como ideologia o lema “Hay poder,soy contra”. Ela é particularmente ameaçadora por seu perfil anarquista e por não possuir uma organização central, o que dificulta seu extermínio ou anulação. Logo após anúncio da prisão dos 3 integrantes, a entidade enviou comunicado informando que “não se decapita uma serpente sem cabeça”.

Ou seja, a Anonymous não depende de uma ou duas pessoas, sendo constituída por silenciosos e ameaçadores integrantes ao redor do mundo. Um dos temores dos setores de segurança é que esses hackers passem a agir como mercenários, utilizando-se de seu poder destrutivo a quem melhor lhes pague.

A ameaça dos ataques cibernéticos é a maior ameaça à segurança mundial. O poder da Anonymous é muitas vezes mais letal que o da Al Qaeda. Portanto se, em algum momento, a Anonymous e a Al Qaeda unirem-se, aí sim estaremos diante de uma ameaça em escala mundial nunca antes vista na história mundial.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O vácuo de poder de Dilma e o ressurgimento de Lula: o beijo da morte?

O ressurgimento de Lula no Planalto para tentar driblar a crise com o ministro Palocci trouxe um claro sinal ao meio político:Dilma abriu um vácuo de poder, rapidamente ocupado pelo ex-presidente.

Há uma regra na Física que diz que onde há vácuo, o ar imediatamente tenta entrar para ocupá-lo. Esse fenômeno ocorre na ciência do poder também.Onde há vácuo de poder, virá alguém ocupar o espaço.

O problema é que Dilma deu um claro sinal de fraqueza para toda oposição, a qual ganhou coragem e encampou de forma agressiva as iniciativas para levar Palocci ao plenário para explicar sua milagrosa multiplicação de faturamento como consultor.

Aliás, o termo agressivo é um eufemismo para a troca de favores e concessões que a oposição está pedindo para evitar que Palocci tenha que prestar explicações.

Estamos no pior momento possível do governo Dilma: sua autoridade está sendo questionada, seus esforços de conciliação são feitos de forma indireta e tímida, seu posicionamento público é precário e sua inabilidade em lidar com a crise parece inquestionável.

Para piorar, há rumores de que sua saúde está longe do ideal e pode estar contribuindo para a dificuldade de lidar com o difícil momento.

Uma coisa é certa, o dano dessas 3 ultimas semanas deixará cicatrizes na relação institucional entre a Presidenta e os demais atores do cenário político brasileiro.

Se Lula tiver que intervir novamente a favor das causas do Governo, estará contribuindo inexorávelmente para o enfraquecimento moral de sua escolhida e sucessora.

Nuvens carregadas no horizonte...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Algumas considerações sobre a liderança de Bin Laden e Obama

Ao analisarmos Barack Obama e Osama Bin Laden como fenômeno de liderança pode-se observar diversos elementos interessantes.

Osama Bin Laden e seu grupo , com certeza, buscavam oportunidades de infiltração em meio aos levantes árabes de fortes conotações democráticas que varrem o continente africano. Todos temem que hajam incitações da Al Qaeda por trás desses levantes. Porém a súbita morte de Bin Laden, numa bem sucedida operação militar americana, deu-nos a oportunidade de medir com certa precisão o quanto havia de identificação entre esse líder e os muçulmanos.

As reações de indignação popular foram proporcionalmente bastante modestas frente ao tamanho da população muçulmana, grupo religioso que mais cresce no mundo. Ocorreram manifestos, com certeza, mas muito modestos e pontuais, dando-nos a impressão de que o muçulmano não tem tanta identificação com o radicalismo da Al Qaeda.

Cabe destacar que as 2 principais lideranças palestinas, Hamas e Fatah, foram bastante cautelosas quanto ao assunto e não se viu palestinos enfurecidos nas ruas protestando contra a morte do líder da Al Qaeda.

Além disso, em países tradicionalmente muçulmanos como o Egito e a Tunísia, ou mesmo, o Iêmen, não houve grandes protestos de massa. Cabe lembrar o “efeito CNN”, que é expresso por um maior acirramento dos ânimos dos manifestantes toda vez que identificam uma câmera de TV filmando um protesto. Portanto ao ver imagens de protesto na TV,lembre-se do possível efeito CNN potencializando a imagens.

Por outro lado, é curioso observar a leitura corporal de Barack Obama. É nítido seu conforto no cargo que ocupa. Parece sempre relaxado, sabe entrar e sair do protocolo sem perder a naturalidade, de uma forma quase desconcertante. É claro que o recente assassinato de Bin Laden trouxe-lhe mais auto-confiança, mas, definitivamente, se o corpo fala, então o corpo de Obama diz: “I love this job”.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O que o Linkedin ensina-nos sobre a ( curta ) vida útil dos executivos e executivas brasileiros

O que o Linkedin ensina-nos sobre a ( curta ) vida útil dos executivos e executivas brasileiros

Como você já deve saber, o Linkedin é uma ótima forma de manter e expandir seu network corporativo.Além de ser um saudável meio de troca de informações e detecção de oportunidades profissionais, essa rede social traz a possibilidade de discussões interessantes sobre diversos aspectos do mundo corporativo e um olhar atento pode captar algumas ricas discussões que falam muito da realidade do mercado de trabalho.

Outro dia deparei-me com uma discussão interessante intitulada: “Como lidar com o fator idade no mercado de trabalho? “. O que parecia ser uma discussão conceitual em seu início, ganhou corpo, incorporou testemunhos absolutamente dramáticos e trouxe novas cores ao tema abordado.
O tema já recebeu mais de 3000 comentários e podemos dizer que 99% batem na mesma tecla: o executivo adulto com mais de 40 anos está, na maioria das vezes, fadado a ser relegado a um segundo plano no mercado de trabalho. Daí a profusão de “ consultores” e de desesperados, como muitos dos corajosos comentários postados demonstram.

O termo “overqualified “ aparece como o feedback mais comum recebido nas (fracassadas) entrevistas de recrutamento e seleção, quando não se ouve respostas mais objetivas do tipo "too old for us” . Há inclusive uma entidade constituída com o objetivo de sensibilizar a classe política frente ao preconceito vivenciado pelos profissionais com mais de 40 no mercado de trabalho e que irá à Brasília nos próximos dias.

Esqueça as notícias dos jornais e revistas dizendo que o país vive uma inédita prosperidade e próximo do pleno emprego.Esqueça as notícias das revistas especializadas dizendo que é hora do profissional buscar nova colocações e desafios. O verdadeiro Brasil do mundo executivo está retratado naquele fórum, onde homens e mulheres no auge de sua plenitude produtiva amargam semanas, meses, anos de ostracismo, pois têm mais de 40 anos.

Esse é nosso verdadeiro mundo executivo, ou seria uma selva?.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ensaio sobre leitura corporal : Paes tieta Obama,enquanto japoneses enfrentam tragédia

Que o corpo fala, todos sabemos. Aproveitar-se desse fato para fazer leituras sublimainares das notícias pode ser uma atividade interessante e reveladora.Tomemos como exemplo dois fatos que foram relevantes: a visita de Obama ao Brasil e a atitude dos japoneses no terremoto no Japão.

A foto mais emblemática da visita de Obama foi a que mostrava o prefeito Eduardo Paes, na pista do Aeroporto Santos Dumont, curvando o corpo para trás para enquadrar o presidente americano numa foto em seu celular.

Ali está estampada a informalidade característica do carioca e, em certo grau, do brasileiro, mas um observador atento poderia interpretar a postura do prefeito como um preocupante sinal de falta de postura e seriedade que, em certo grau, é observado também na cultura brasileira em diversos aspectos.

Mudemos de cena: os japoneses organizados em filas após um terremoto e um tsunami devastarem seu país. Nenhum tumulto, nenhuma desordem, uma evidente organização circundada pelo ambiente de caos e devastação.

Façamos um exercício de imaginação. Imagine o presidente Obama visitando uma Tóquio prestes a receber uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. Alguém consegue imaginar que o prefeito da cidade estaria fazendo papel de tiete de presidente na pista de pouso com um celular na mão?

A falta de protocolo do alcaide carioca pode ser tomada como um exagero de alguém que se viu diante do presidente da nação mais poderosa do mundo, mas é injustificável.

O alerta de Joseph Blatter sobre o atraso das obras para a Copa faz uma combinação perfeita com a foto de Obama sendo tietado por Eduardo Paes. Algum estrangeiro que entenda de linguagem corporal poderia pensar: “Se o prefeito da cidade mais importante do Brasil recebe o presidente americano dessa maneira, o que se pode esperar do resto da turma?Será que eles são sérios? Será que darão conta da monumental tarefa que têm à frente?’

O que você acha?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O paradoxo árabe: o espetáculo do povo e o medo das consequências

O paradoxo árabe. Um dos aspectos mais interessantes do levante árabe que o mundo testemunha hoje é a situação paradoxal em que todos fomos colocados. De um lado, admiramo-nos pela beleza e dramaticidade da capacidade de mudança de regimes por meio da força popular. Quedas de Bastilhas, uma após a outra, demonstram que a lição dos franceses a séculos atrás permanece viva: o povo unido derruba tiranos e refaz a história.

Por outro lado, as possíveis consequências catastróficas para o equilíbrio político-econômico mundial colocam todos países em estado de alerta. O crescimento da influência iraniana na região, o risco de radicalização islâmica ao invés da democratização, as áreas estratégicas de produção petrolífera na região, o risco para Israel, a fuga em massa para a Europa, todos esses elementos adicionam dramaticidade ao espetáculo dos levantes populares a que o mundo assiste.

Com exceção dos tiranos e dos que se beneficiam de regimes opressores para se enriquecerem e se perpetuarem, o levante árabe é uma grata surpresa, ainda mais por ter sido alimentada pelos ventos da tecnologia a qual permitiu, ou, pelo menos, facilitou a mobilização em massa dos manifestantes.

Como toda crise, essa traz riscos e oportunidades e pode significar inclusive um renascimento da cultura árabe sufocada por décadas pelo jugo de ditadores e déspotas. Os ventos da liberdade sopram cada vez mais forte no Norte da África e novas lideranças surgirão ou retomarão posição de destaque, a exemplo da Irmandade Muçulmana.

Torcemos para que esses povos estejam reescrevendo uma bonita página da história da Humanidade.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Por que os motoristas de ônibus não param nos pontos no Rio de Janeiro?

Por que os ônibus cariocas não param nos pontos?

Por que diáriamente, em dezenas de locais diferentes no Rio de Janeiro, os motoristas de ônibus se recusam a pegar passageitos em pontos de ônibus e, simplesmente, ignoram-os?

Se você já teve oportunidade de andar de ônibus no Rio de Janeiro, já deve ter vivenciado essa experiência a qual é prática corrente e que, inclusive, abre uma brecha de oportunidade para motoristas de kombi e van.

Com certeza, essa prática não tem o apoio do "patrão", do empresário que corre o risco do negócio, paga salários e precisa maximizar receita a cada corrida de ônibus.

Essa prática, portanto, além de lesiva ao cidadão, é lesiva à empresa a qual, no final das contas, paga o salário do motorista.Então, por que ocorre?

Simples. Falta de ferramentas adequadas de gestão e follow up de desempenho. Um observador atento perceberá que a única forma de follow up feita por empresas de ônibus é ter um supervisor num ponto específico, onde, é claro, o motorista sempre pára para fiscalização.

Temos já algumas linhas com câmeras internas,mas que medirão apenas o comportamento dentro do ônibus. Essa ferramenta já criou impactos, pois o motorista se esforça em evitar que, por exemplo, entre-se pela porta de trás sem pagar.

O que falta então? Simples, se as empresas de ônibus adotarem a prática de clientes ocultos espalhados por diversos pontos da cidade poderão ter a exata dimensão do real comportamento de seus motoristas.

Se os motoristas conviverem com a eterna dúvida de terem num ponto de ônibus um possível cliente oculto, teremos uma mudança de comportamento fundamental e que se reverterá em significativos ganhos de receita.

É uma iniciativa barata e que trará resultados imediatos, desde que aplicada de forma consistente.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sobre a omissão da imprensa na prevenção das tragédias

Agora que a tragédia na região serrana começa, lentamente, a deixar a primeira página dos jornais e ingressa nas seções de notícias cotidianas, pode-se fazer uma análise da atitude da imprensa em referência à essa tragédia "anunciada".

Escrevo anunciada entre aspas pois não o era até que ocorreu.Apenas alguns poucos lúcidos e sensatos sinalizavam a potencial tragédia, sem serem levados a sério.

Planos de prevenção e planejamento não são tratados como uma pauta atraente pela maioria dos veículos de imprensa, com exceção das semanas imediatamente após as tragédias. As futricas da política, por exemplo, são tratadas numa dimensão muitas vezes acima de sua real importância, ocupando espaço que deveria ser destinado a conscientizar a população sobre a importância do planejamento e prevenção, temas vistos como insosos por muitas editorias.

Como a maioria dos leitores antenados deve saber, a tragédia de janeiro foi apenas a conclusão de uma série de fatores conjugados nas 2 últimas décadas que somados levaram à uma extrema fragilidade diante de um volume colossal de chuvas num período curto de horas.

Como muitos de nós poderemos concluir em breve, infelizmente em poucas semanas a imprensa deixará para suas últimas páginas as notícias sobre a prevenção contra a tragédia ocorrida. Foi assim com Angra, é assim com Minas Gerais todos anos e não vejo motivos para crer que será diferente com a Região Serrana.

Infelizmente, somos imediatistas, míopes e irresponsáveis.

Afinal já reiniciaram os campeonatos estaduais de futebol, em breve vem o Brasileirão e, logo à frente, a Libertadores.Essas sim são pautas de primeira página o ano todo.